
A Força da Inovação
Contra os Incêndios Florestais
História da Tecnologia
O projeto do Veículo Aéreo para Combate a Incêndios Florestais começou em 2005, durante uma visita ao Parque Estadual do Ibitipoca, em Lima Duarte, MG. A excursão foi organizada pela Escola Estadual José de Oliveira de Santana do Garambeú, MG. Durante a visita, um guia alertou sobre a rápida propagação do fogo no parque, devido à presença de capim seco, rico em fósforo. Esse alerta chamou minha atenção, pois a região sofria com frequentes incêndios. Lembrei-me da apreensão que senti ao realizar uma queimada para limpar nosso campo (pasto); mesmo com aceiros, o fogo se espalhou para a propriedade vizinha através de um vale coberto de samambaias, onde havia uma grande plantação de eucalipto, conhecida como terreno da Maura, na comunidade de Pedra Negra. Com um forte senso de responsabilidade, influenciados pela severidade do nosso pai, meu irmão Andriel e eu não hesitamos e pulamos no vale. Pegamos vários galhos de árvores cobertos de folhas e realizamos o ataque ao fogo, abafando-o com muito esforço, evitando um prejuízo milionário, pois a plantação de eucalipto era nova e já havia muito capim seco em todo eucaliptal. Após a batalha contra as chamas, sentamos no chão, aliviados e assustados, e pensei em fazer um aceiro mais largo na próxima vez.
Durante a excursão, minha imaginação fluiu, e conectei a recomendação do guia com minha experiência recente, percebendo que era possível fazer algo para melhorar a situação. Apaixonado por invenções e soluções tecnológicas, comecei a idealizar uma forma criativa de combater incêndios. Contudo, as ideias iniciais esbarraram em altos custos e se assemelhavam a sistemas de irrigação subterrânea, inviáveis em larga escala. Apesar de já ter identificado o problema, a ideia de criar uma solução foi ofuscada por outras metas. Para tornar minhas invenções realidade, em 2005, deixei a casa dos meus pais em Pedra Negra com a promessa de estudar engenharia. Meu pai era contra, queria que eu ficasse para ajudá-lo na lida com o campo, mas expliquei que havia uma força maior que eu precisava seguir. Internamente, eu não queria desapontá-lo e realmente buscava dar vida a objetos, resolver problemas e proporcionar uma melhor qualidade de vida para mim e para meus pais. Esse era meu sonho. Assim, com o apoio e confiança de minha mãe, meu pai concordou, e as lembranças mais fortes no momento da despedida foram o empréstimo de R$100 feito pelo amigo Sr. Aberco, para que eu pudesse viajar, e o transporte a cavalo até o pico para pegar o ônibus em uma madrugada de lua cheia.
Assim começou um novo capítulo: passei por Barbacena, Piumhi, Ibirité e Belo Horizonte, onde trabalhei como capinador de rua, gari, apontador de obra, encarregado de obra e auxiliar de engenharia. Em Belo Horizonte, iniciei o curso de Engenharia Mecânica na PUC Minas. Na época, já tinha cerca de 18 invenções em desenvolvimento e um pedido de patente apoiado pela FAPEMIG. Conheci a ANI (Associação Nacional dos Inventores) pela internet e vi uma oportunidade. Separei dez invenções que considerava mais viáveis e viajei até a ANI em São Paulo, onde conheci o Sr. Carlos Mazzei. Ele mencionou que cada patente custava R$10 mil, um valor que me deixou sem palavras. Ele perguntou se eu tinha uma boa invenção para apresentar, mas me senti inseguro e não mostrei o Cinturão Inflável para Motociclista, a invenção que eu considerava mais importante. Comprei seu livro e voltei decepcionado, mas empolgado por ter viajado de avião pela primeira vez e impressionado com o funcionamento dos motores e as enormes turbinas. Pesquisei sobre os inventores de motores a jato e outras turbinas, assim como os princípios básicos, mas era apenas curiosidade, atraído pela magia das turbinas que vi empurrar um enorme avião. Na minha visão, a viagem parecia perdida.
Após a viagem, solicitei apoio da FAPEMIG para registrar algumas patentes e consegui o pedido do Cinturão Inflável para Motociclista. Continuei a desenvolver algumas invenções sem direção; a maioria ficou parada, pois minha principal luta era garantir a sobrevivência financeira, e o trabalho era meu foco principal, enquanto a faculdade ocupava o terceiro lugar em minhas prioridades.
Em 2015, assistindo ao MGTV, vi uma reportagem sobre incêndios florestais em Nova Lima, e um filme passou pela minha cabeça: desde a vida na roça, onde eu ajudava a realizar queimadas em campos para proporcionar broto novo para o gado, até a ideia surgida na excursão, que ficou sem evolução, e todo o conhecimento que adquiri depois. Tudo isso se misturou, e aí surgiu a ideia de usar turbinas movidas por motores elétricos ou a combustão para gerar uma grande pressão de ar sobre as chamas, arrastando-as para as cinzas. Já utilizamos esse método: quem nunca soprou uma vela? Pesquisei bastante sobre o assunto e descobri apenas o uso de sopradores manuais. Já sabia que, dependendo do tamanho do motor e da turbina, a força dos gases misturados com o ar pode lançar um carro para cima. Então, por que não lançar as chamas para as cinzas, considerando as proporções da massa vegetal que está sendo queimada? Percebi que havia uma oportunidade de explorar e expandir esses sopradores, aumentando a força do sopro proporcionalmente à densidade do material vegetal e aos obstáculos presentes nas áreas em chamas. A viagem a São Paulo pareceu ter dado resultado, talvez de lá viesse meu pequeno conhecimento sobre as forças das turbinas e seus motores. Desenhei o primeiro modelo do VASCIF (Veículo Aéreo para Combate de Incêndios Florestais) em janeiro de 2016 e escrevi à FAPEMIG solicitando apoio. No entanto, o processo foi lento, tanto da minha parte quanto da FAPEMIG, que em 2016 parou de apoiar inventores independentes.
Em 2017, estava bastante focado no trabalho e recebi um presente de Deus: o nascimento da minha filha Alice, o que aumentou ainda mais o meu senso de responsabilidade. Durante esse tempo, a invenção não era prioridade, embora fosse um sonho que um dia eu daria prioridade. Mesmo sem muito sentido, comecei a adquirir equipamentos e materiais para desenvolver um protótipo MVP - ARISTEU41. Em 2018, fundei a empresa Rio Grande SGT Vazamento com o objetivo de financiar meus projetos. Trabalhei arduamente para garantir a sobrevivência, cuidando de todas as etapas do negócio, o que demandou muito mais tempo do que o imaginado, situação agravada pela pandemia.
Ainda em 2018, sofri com uma realidade cruel para o meu entendimento da vida: a perda do meu ídolo, meu pai. Isso marcou minha vida de forma profunda e me levou a reflexões sobre o que realmente vale lutar. Nesse momento, tive certeza de que é necessário lutar pelos ideais saudáveis, sem medo, pois a vida debaixo do sol é muito curta. Entendi que meu pai queria ter lutado mais pelo que acreditava e buscava, mas foi condicionado pela própria sobrevivência. Ele foi um exemplo de crítica, disciplina, honestidade, companheirismo, atenção, proatividade – amor incondicional.
Em 2021, ainda bastante focado na empresa, recebi outro presente de Deus: o nascimento do meu filho Rafael, o que me ajudou a entender melhor a dinâmica da vida.
Em 2022, já morando em Andrelândia, MG, iniciei um processo para reduzir o meu
tempo dedicado à Rio Grande SGT Vazamento e fazer jus ao objetivo original da fundação da empresa. Já com espaço para testes e mais tempo para revisar os processos de patentes e melhorias no projeto, fundei a startup VASCIF. Já não era apenas um inventor, mas um empreendedor, graças à experiência adquirida ao desenvolver a Rio Grande SGT Vazamento. Solicitei informações à FAPEMIG sobre o status da tecnologia VASCIF, mas a resposta foi negativa, pois já havia passado muito tempo. Percebi que havia deixado minhas invenções de lado desde dezembro de 2018, quando fundei a Rio Grande SGT Vazamento e perdi meu pai.
Essas mudanças foram intensas e exigiram muito de mim, paralisando minhas invenções por um tempo. Quando deixei a casa em 2005, prometi ao meu pai que buscaria realizar meus sonhos por meio das invenções. Após sua morte, foi difícil lidar com a sensação de não ter cumprido essa promessa a tempo. Mas hoje, após muitas reflexões e com uma visão mais clara da vida, consegui me perdoar por escolher o caminho A ou B. Percebo que para haver vida, escolhas, mudanças e passagens são necessárias; tudo passa, estamos apenas de passagem na Terra e não somos donos de nada. Apenas administramos nossas vidas e bens por um curto período. Toda matéria retorna ao ecossistema e o espírito é eterno. Consegui mais leveza após essa compreensão e, ao agradecer pelas funções básicas da vida, reiniciei meus objetivos originais, desenvolvendo o protótipo ARISTEU41 em 2023/2024, em homenagem ao meu pai.
Hoje, estou em busca de condições para dar vida a uma nova forma eficaz de combater incêndios florestais. Enfrentando desafios físicos, tecnológicos e econômicos, nosso objetivo é escolher e construir caminhos que promovam a evolução da startup VASCIF, com a meta de produzir todos os componentes no Brasil, em escala nacional. Queremos oferecer uma solução eficiente para o combate a incêndios florestais, promovendo maior harmonia com a natureza e cuidando da vida em todos os seus aspectos. Atualmente, a VASCIF está desenvolvendo três métodos diferentes de combate a incêndios utilizando a alta vazão do ar. Além disso, o módulo de transporte da VASCIF também é aplicado na pulverização de lavouras, na aplicação de adubos e no transporte geral em fazendas. Isso permite eliminar a ociosidade do equipamento quando não há incêndios florestais em uma propriedade, buscando a viabilidade econômica ao adquirir os serviços VASCIF ou mesmo o equipamento.
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